INMETRO se prepara para fiscalizar o setor de vestuário

INMETRO se prepara para fiscalizar o setor de vestuário

Entrevista dada para a revista MODA RIO

Com a aproximação das festas de final de ano, a fiscalização sobre produtos e mercadorias feita pelo INMETRO, por meio do IPEM-RJ tem data marcada para se intensificar: dezembro. No setor de vestuário, a instituição regulamentadora busca nas etiquetas as informações necessárias ao consumidor. Naquela em que constar erro, resulta em multa. Os dados que identificam o fabricante, a medida, as formas de lavagem e conservação, além da composição do tecido são as principais informações minuciosamente analisadas. A “tesourada” ao caixa de quem é pego em deslizes pode variar entre R$ 100 e R$ 1,5 milhão.

Fiscais da Diretoria de Qualidade e da Superintendência Têxtil do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Rio de Janeiro (IPEM-RJ) estarão nas ruas em dezembro à procura de irregularidades. Geralmente eles percorrem shoppings e lojas de varejo das zonas Norte, Sul e Oeste do Rio de Janeiro, além do Centro da cidade e as regiões de Niterói e São Gonçalo. Confecções também são visitadas.

De acordo com a presidente do IPEM-RJ, Soraya Santos, os produtos têxteis serão o alvo principal da fiscalização, já que a falta de informação correta nas etiquetas das roupas expostas nas vitrines, pode causar um sério problema aos consumidores na hora da lavagem e manuseio. Principalmente os produtos importados. “É importante constar a marca do fabricante, o CNPJ da empresa, a composição do tecido e os cuidados de conservação e lavagem. Caso o produto seja importado, é obrigatório que o mesmo traga na etiqueta o país de origem e as informações estejam escritas em português”, completa.

O que parece simples de cumprir pode não ser tão fácil assim. Segundo explica Rafael Moreira, gerente comercial da Enoicla Etiquetas, uma das maiores fornecedoras do produto de identificação do Rio, há sempre alguma dificuldade encontrada por seus clientes em supervisionar as informações que vão constar de suas etiquetas. Ele explica que as informações técnicas dos tecidos são fornecidas pelos fabricantes de tecidos. Quando um confeccionista compra tecidos de algodão de dois fornecedores diferentes, por exemplo, mesmo que a especificação seja 100% algodão, o símbolo de passagem de roupa ou de outros cuidados pode variar e passar despercebido. Se o empresário não tiver alguém para atentar para esse detalhe e a fiscalização fizer uma análise no tecido da roupa confeccionada por ele, fatalmente encontrará a mesma indicação de cuidados para tecidos que requerem atenções diferentes.

“Estamos sempre atentos ao que nos compete, ao que está dentro de nosso conhecimento. Com o nosso arte finalista, damos sugestões sobre as medidas das simbologias, tipo de etiqueta adequada aos tecidos… Não medimos esforços para que nossa etiqueta agregue valor ao vestuário. A etiqueta, interna ou externa, identifica, personaliza a roupa”, completa Rafael, alertando para o formato das etiquetas de metal, que devem ser sem pontas e aplicadas em tecidos apropriados

Segundo Jorge Luiz Barros Frederico, sócio gerente da Enoicla Etiquetas, a empresa tem como proposta atender pequenos e microempresários, principalmente aqueles que estão iniciando no segmento. Para atender às necessidades, criou um mix de serviços que vai de sacolas ecológicas de algodão cru a brindes promocionais, passando muita informação.

“Procuramos ainda dar toda informação necessária. Geralmente se sabe que as etiquetas bordadas e tags são as que mais agregam valor ao vestuário. Mas nem sempre se percebe que para uma roupa de R$70 o material mais indicado é o nylon. Tudo vai depender da classe social que se pretende atingir. Buscamos inclusive colocar o cliente em sintonia com as tendências da estação. Indicamos até pontos de venda, quando o cliente está iniciando e fazemos uma pesquisa prévia do nome de sua empresa junto ao INPI, para que não faça investimento em uma marca e depois tenha que mudar de nome. Tudo sem custo para o cliente. Criamos até a logomarca. Na medida em que ele cresce, nós crescemos juntos”, acrescenta.

Por ano, a Enoicla produz cerca de 12 milhões de etiquetas internas e três milhões de externas. Essa quantidade poderia aumentar se o acordo entre o Brasil e o Mercosul sobre as normas de etiquetagem fosse aprovada pelos participantes do bloco econômico. Os entraves com a fiscalização de importados dessas regiões também seriam reduzidos. Um dos principais problemas encontrados pela fiscalização é a falta de informação nas etiquetas de produtos importados.

De acordo com Adelgicio Leite, engenheiro técnico do INMETRO, uma resolução que padroniza as regras para os países membros do Mercosul está mais perto de acontecer, mas ainda há muito trabalho. O Brasil, país mais organizado na questão, já formulou uma proposta para avaliação dos integrantes e entregou, em agosto, a um grupo têxtil de cada nação. Em novembro, as sugestões serão discutidas no encontro da cúpula do Mercosul. Somente depois desse processo é que as discussões vão se acirrar e um único documento será formalizado.

Não há previsão para que o acordo seja firmado. Por enquanto, segundo Adelgicio, o que existe é uma norma internacional americana, a ISO 3758:2005 e sua equivalente brasileira a NBR 3758:2006. Ela foi cancelada pelas novas regras de 2012. Mas essa, por sua vez, não está acordada entre os parceiros do Mercosul. Resumindo, não há normas padronizadas oficiais a serem seguidas, a não ser a do idioma.

Revista Moda Rio Ano VIII – Baixe Aqui